3a.SÉRIE – PROPOSTA REDAÇÃO CARTA ABERTA OUTUBRO
PROPOSTA DE REDAÇÃO TERCEIRÃO OUTUBRO
CARTA ABERTA
TEXTO
Agrotóxicos: 44% dos princípios ativos liberados no Brasil são proibidos na Europa
(Lu Sudré)
Quase metade dos princípios ativos de agrotóxicos liberados em território brasileiro são proibidos em países da Europa. É o que mostra levantamento organizado por Gerson Teixeira, ex-presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), publicado no fim de julho. […] Entre as 290 substâncias liberadas aqui e não autorizadas lá, 22 (ou 14,2%) são completamente banidas na Europa.
Enquanto todos os países estão tentando ser mais restritivos aos agrotóxicos, no Brasil vamos na contramão. Estamos flexibilizando cada vez mais. […] O “PL do Veneno” prevê que os órgãos de controle levem menos tempo para analisar e autorizar o uso de um agrotóxico importado. O projeto já foi aprovado em Comissão Especial da Câmara dos Deputados e agora será votado em Plenário.
A nova classificação de agrotóxicos adotada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no mês de julho é evidência inquestionável sobre o abrandamento da legislação. A agência é a responsável por fiscalizar o uso dos agrotóxicos no País. Até então regulada por uma legislação de 1989 que previa a existência de quatro categorias segundo o nível de perigo oferecido pelos pesticidas, agora a sistematização dos produtos passou a ter cinco divisões: extremamente tóxico, altamente tóxico, moderadamente tóxico, pouco tóxico e improvável de causar dano agudo.
Antes da mudança, 800 agrotóxicos, em média, pertenciam à categoria “extremamente tóxicos”, em um universo de cerca de 2300 – aproximadamente 34,7%. A nova tabela, divulgada pela Agência na semana passada, classifica apenas 43 como “extremamente tóxicos”, o que equivale a 2,2% dos 1924 produtos analisados.
“O que eles fazem é uma abordagem do tema a partir do interesse do fazendeiro, sem estar preocupado com o consumidor e muito menos com o meio ambiente”, comenta o ex-presidente da Abra, acrescentando que, em comparação com a Europa, o Brasil não tem o mesmo rigor em relação à fiscalização dos alimentos.
Pelas novas normas, agroquímicos antes considerados “altamente tóxicos”, podem passar para toxicidade moderada, enquanto os “pouco tóxicos” ficam liberados de classificação, ou seja, não apresentarão advertências no rótulo para o consumidor.
Na avaliação de Teixeira, a flexibilização tenta “relaxar” os padrões de preocupação da população. “Tanto o trabalhador rural quanto o fazendeiro irão aplicar abusivamente esse produto, acreditando que ele não tem a letalidade e periculosidade que tinha antes. Em um passe de mágica, com uma atitude burocrática, se reduz drasticamente o grau de toxicidade desses produtos”, ironiza. […] Ele explica que muitos produtos liberados no Brasil são banidos nos países de origem. O herbicida Atrazina, por exemplo, apesar de ser produzido pela Syngenta na Europa, teve seu registro cancelado no continente pela União Europeia. Estudo publicado pela revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences em 2010, elaborado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, comprovou que o agrotóxico é um potente disruptor endócrino, que desregula a produção de hormônios. Além de contaminar as águas e afetar a saúde humana, o atrazina pode gerar transformações inesperadas no meio ambiente.
Segundo Tygel, para analisar a correlação de forças que pressionam a liberação de mais veneno, é preciso entender o papel que o Brasil ocupa no mercado internacional de produtos químicos. “Somos um imenso e lucrativo mercado, onde a regulação é fortemente influenciável pelos interesses das multinacionais agroquímicas. Após lucrar bastante com os agrotóxicos nos países de regulação mais restritiva, elas precisam seguir lucrando com as mesmas substâncias nos países de regulação mais frágil, até onde for possível”.
Adaptado de https://www.brasildefato.com.br/2019/08/06/agrotoxicos-44- dos-principios-ativos-liberados-no-brasil-sao-proibidos-na-europa/. Acesso em 28 ago 2019.
GÊNERO TEXTUAL – CARTA ABERTA
Contexto e comando de produção: Ao ler o texto, você, jovem líder estudantil, ficou preocupado(a) com as informações sobre o número de agrotóxicos liberados no Brasil e seus efeitos nocivos ao meio ambiente e à saúde humana. Considerando as recentes políticas públicas brasileiras de liberação de agrotóxicos, escreva uma CARTA ABERTA para a população de sua cidade com o objetivo de conscientizá-la sobre esse tema. A sua carta será publicada no jornal DIÁRIO DA CIDADE. Assine a sua Carta apenas como JOVENILDO ou JOVENILDA. Seu texto deve conter o mínimo de 15 e o máximo de 22 linhas.