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PARA CURSINHO TETRA – NOTURNO

Escola passa aluna que pediu reprovação

 Estudante de 14 anos diz não saber “quase  nada”; secretaria municipal diz que unidade  ofereceu reforço.

“Eu queria muito repetir de ano, mas não  deu”, diz a estudante Rafaela (nome fictício), 14.  Ela não consegue escrever direito e não sabe  resolver contas simples, mas foi aprovada no ano  passado, quando cursou a oitava série na escola  municipal Professor Primo Pascoli Melare (zona  norte de SP).

A pedido dos pais da garota, a Defensoria  Pública do Estado de SP mandou ofício para que a  Secretaria Municipal da Educação mantenha a  menina no ensino fundamental em 2009.  Rafaela diz concordar com os pais, que  são analfabetos. Ela mostra as provas feitas, todas  com as notas “NS” em vermelho – a sigla é de  “não-satisfatório”, o pior resultado possível.

“Se eu for para o primeiro colegial  [primeiro ano do ensino médio], vai ser muito  difícil para mim. Eu até leio um pouco bem, mas  não sei quase nada das matérias. Eu vou muito  mal nas provas”, conta a menina, que diz querer  ser veterinária.

O município adota progressão continuada:  os alunos são reprovados apenas nos quartos anos  de cada ciclo. A oitava série é um deles. Segundo  levantamento feito em setembro pela secretaria,  um em cada dez alunos da quarta série da rede  municipal é analfabeto.

Rafaela fez, a pedido da reportagem, um  teste informal – a menina sabe ler e escrever, mas  não consegue interpretar textos ou fazer cálculos.  A mãe de Rafaela, dona-de-casa, conta  que a filha pedia reforço escolar, mas nem sempre  era atendida. Rafaela tem doença rara que ataca o  esqueleto (a síndrome de Larsen). A garota tem a  coluna torta, braços e pernas fracos e dificuldade  para andar, o que não afeta sua capacidade  intelectual.

O coordenador do Núcleo Especializado  de Infância e Juventude da Defensoria Pública,  Flávio Américo Frasseto, diz que poderá entrar na  Justiça para garantir que Rafaela continue no  ensino fundamental.

A secretaria informou que Rafaela  participou do projeto de recuperação paralela  oferecido pela escola. “A aluna lê, escreve e  interpreta textos propostos nas aulas”, diz a pasta.  O órgão também disse que, até a noite de sexta,  não tinha recebido comunicado oficial da  Defensoria para poder se manifestar.

Texto publicado na Folha de São Paulo, 01/02/2009

 

 01- Assinale o que for correto a respeito do emprego dos  conectivos no texto.

01) Em “… não sabe resolver contas simples, mas foi  aprovada no ano passado …”, o conectivo  em negrito relaciona orações com ideias contrárias.

02) Em “Se eu for para o primeiro colegial …, vai ser  muito difícil para mim”, o conectivo  em negrito estabelece relação de temporalidade entre  as orações.

04) Em “… poderá entrar na justiça para garantir que  Rafaela continue no ensino fundamental”, o conectivo em negrito é utilizado para introduzir  uma oração que expressa finalidade em relação à  oração principal.

08) Em “… no ano passado, quando cursou a oitava série  …”, o conectivo em negrito introduz uma  oração que expressa a condição de realização da  oração anterior.

16) Em “Ela não consegue escrever direito e não sabe  resolver contas simples”, o conectivo em  negrito estabelece relação de adição entre as orações.

2- Com base no texto, assinale o que for correto.

01) Flávio Américo Frasseto, os pais de Rafaela e a  Defensoria Pública do Estado de São Paulo têm a  mesma opinião quanto à solicitação de Rafaela.

02) A Síndrome de Larsen prejudica o desenvolvimento  intelectual de Rafaela.

04) O fato de Rafaela ter sido aprovada na oitava série,  mesmo com desempenho não satisfatório, contradiz o  princípio da progressão continuada, em que “os  alunos são reprovados nos quartos anos de cada  ciclo”, sendo a oitava série um deles.

08) O resultado do teste feito por Rafaela, a pedido da  reportagem, confirma o resultado da participação da  garota no projeto de recuperação paralela oferecido  pela escola.

16) Para o município, o fato de haver um aluno  analfabeto em cada dez alunos da quarta série da rede  municipal pode ser considerado um argumento  contrário à progressão continuada

 

TEXTO

Professor nota zero

Gilberto Dimenstein

Dos 214 mil professores que se  submeteram à prova da Secretaria Estadual da  Educação de São Paulo, 3.000 tiraram nota zero:  não acertaram uma única questão sobre a matéria  que dão ou deveriam dar em sala de aula. Apenas  111, o que é estatisticamente irrelevante, tiraram  nota 10. Os números finais ainda não foram  tabulados, mas recebo a informação que pelo menos metade dos professores ficaria abaixo de  cinco. Essa prova tocou no coração do problema  do ensino no Brasil, o resto é detalhe.

Como esperar que um aluno de um professor que tira nota ruim ou mediana possa ter  bom desempenho? Impossível. Se fosse para levar  a sério a educação, provas desse tipo deveriam ser  periódicas em toda a rede (assim como os alunos  também são submetidos a provas). Quem não  passasse deveria ser afastado para receber um  curso de capacitação para tentar se habilitar a  voltar para a escola.

A obrigação do poder público é divulgar  as listas com as notas para que os pais saibam na  mão de quem estão seus filhos. Mas a culpa,  vamos reconhecer, não é só do professor. O maior  culpado é o poder público que oferece baixos  salários e das universidades que não conseguem  preparar os docentes. Para completar, os  sindicatos preferem proteger a mediocridade e se  recusam a apoiar medidas que valorizem o mérito.

O grande desafio brasileiro é atrair os  talentos para as escolas públicas – sem isso,  seremos sempre uma democracia capenga. Pelo  número de professores reprovados na prova,  vemos como essa meta está distante.

 Texto disponível em  <http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/gilbertodimenstein/ult508u500752.shtml>.

03- Com relação ao emprego dos verbos no texto, assinale  o que for correto.

01) Em “Se fosse para levar a sério a educação, provas  desse tipo deveriam ser periódicas”,  as formas verbais no pretérito imperfeito do  subjuntivo e no futuro do pretérito, respectivamente, permitem inferir que, para o autor, a educação não é levada a sério.

02) Em “Quem não passasse, deveria ser afastado …” , caso as formas verbais em negrito  fossem trocadas, respectivamente, por uma forma  verbal no futuro do subjuntivo na primeira oração e  por uma forma verbal no futuro do presente na  segunda oração, a leitura passaria a ser de  probabilidade de realização do evento.

04) Em “professores reprovados”, o vocábulo  em negrito é uma forma nominal de um verbo, uma  vez que concorda em gênero e número com o  substantivo que acompanha.

08) Em “Essa prova tocou no coração”, a  forma verbal em negrito expressa uma ação anterior a  outra ação no passado.

16) Em “… pelo menos metade dos professores ficaria  abaixo de cinco”, a forma verbal em  negrito indica que o autor tem certeza da informação recebida.